Origem Histórica do Povo Kanindé







A tribo dos Kanindés


Índios kanindés

HISTÓRIA DOS INDIOS KANINDÉS




Curiosidades Históricas

A revista Caros Amigos publicou mensalmente em 12 fascículos, entre 2000 e 2002, uma coleção intitulada REBELDES BRASILEIROS, dentre os quais figura Canindé, chefe indígena que viveu no Século XVII e que forçou a assinatura de um tratado de paz com o Rei de Portugal Dom Pedro II (Não confundir com D. Pedro II, imperador do Brasil, que viveu quase dois séculos depois).

Em determinado trecho, o fascículo sobre o chefe indígena Canindé explica a origem do nome da tribo dos Canindés. Vejamos o texto da jornalista Fernanda Sposito, autora do fascículo: "Os Janduís, nação indígena que ocupava diversas áreas das capitanias de Pernambuco, Paraíba, Itamaracá e, principalmente Rio Grande (do Norte), eram da etnia dos Tarairiús. Entre os índios dessa etnia havia o hábito de chamar o próprio povo pelo nome de seu líder. Assim, os Janduís (ancestrais dos índios Canindés) adquirem esse nome em virtude do seu antigo líder, Janduí. Quando morreu Janduí, quem o sucedeu na liderança do grupo foi Canindé, guerreiro de destaque. Os índios que descenderam das tribos comandadas por Canindé passaram a se chamar de Canindés, embora continuassem sendo conhecidos pelos portugueses como Janduís".

HOLANDESES RETRATARAM TRIBO DOS CANINDÉS EM PINTURAS

Mais adiante, Fernanda Sposito traz alguns esclarecimentos sobre os traços físicos e culturais desses nativos: "Os holandeses pintores, cronistas, historiadores deles deixaram vários registros, mesmo porque foram seus aliados quando ocuparam o Nordeste brasileiro. Nesses registros, eles aparecem como homens e mulheres fortes e com o corpo bem desenvolvido. Eram guerreiros temidos por outros indígenas. Lutavam com grandes pedaços de madeira como arma, que era mortal. Tinham rituais de ocupação da terra, que pareciam jogos esportivos, em que alguns deles levavam um grande tronco de árvore às costas, em disparada até o território do qual pretendiam a posse. Iam periodicamente em busca de novos locais para ocupação, pois eram povos nômades, coletores e caçadores. Praticavam a antropofagia ritual, assando os restos de entes queridos e misturando as cinzas à comida".

Pois bem, desse trecho pode-se chegar a diversas suposições: a primeira delas é que, como se tratavam de povos nômades, a tribo dos Canindés pode ter ocupado temporariamente essa região que compreende os Sertões de Canindé, durante o século XVIII, conforme sugerem alguns historiadores.

O pesquisador Francisco Magalhães Karam assegurava que quando os colonizadores portugueses aqui se estabeleceram, o local já se chamava Canindé. Havia recebido esta denominação dos próprios nativos.

COMUNIDADE DA REGIÃO SE DIZ DESCENDENTE DA TRIBO DOS CANINDÉS

Ultimamente, uma comunidade que vive na fronteira de Canindé com o município de Aratuba luta para ser reconhecida pelas autoridades como descendentes da famosa tribo dos índios Canindés. A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará criou comissão de estudos para reconhecer a comunidade como tal. O jornal Santuário de São Francisco, órgão da Paróquia de São Francisco das Chagas, informa em sua edição de junho de 2001 que em 1738, o padre Ezequiel Gameiro foi encarregado de catequizar 30 casais de Genipapos e 40 casais de Canindés, aldeados na Serra do Uruquê e no Rio Choró. A comunidade que reivindica o reconhecimento seria descendente dos membros desta missão.

A TRIBO E A ARARA

A arara Canindé, cujo nome científico é Ara ararauna (Linné), trata-se de uma espécie de dorso azulado e peito amarelo que mede cerca de 85cm. e costuma viver em várzeas, com buritizais e babaçuais em beira de matas. Esta informação pode ser conferida na home-page da Petrobrás, que mantém uma equipe de biólogos interessados em pesquisar, catalogar e preservar a fauna brasileira. Os índios costumavam denominar de “canindé” os animais de dorso escuro e peito claro. Desse modo, existem a cabra, o jumento e a arara canindé. Além de serem bonitas, as araras canindés tinham mais uma qualidade: eram barulhentas, fato que teria impressionado o "rei" Janduí a adotar esse nome para o filho que o sucedeu no comando da tribo. Augusto Rocha, em seu trabalho já mencionado, afirma que o primeiro habitante da localidade onde foi erguida a capela primitiva de Xavier de Medeiros foi um caboclo chamado Gonçalo, descendente da tribo dos Canindés.



ONDE HABITAVA A FRAÇÃO PRIMITIVA DA TRIBO

Mas, voltemos aos índios Canindés. Padre Neri Feitosa nos informa que os Canindés e Jenipapos habitaram os sertões do Curu, as margens do Quixeramobim e do Banabuiú, que falavam a mesma língua e tinham a mesma cultura. Era um grupo étnico que dominava um vasto território do Nordeste Brasileiro. "Nossos índios tinham consciência de que estas terras eram suas e as defenderam com lutas perseverantes e com as próprias vidas. Perderam as terras, porque perderam a guerra, mas resistiram enquanto foi possível. Perderam a batalha porque os brancos tinham armas de fogo e eles não; a luta era desigual", diz Pe. Neri.

Dentre as muitas táticas utilizadas pelos índios para assegurar sua sobrevivência estava a de fingir-se pacificados e aliados dos colonizadores, como acabou ocorrendo com a tribo dos Canindés, primitivos habitantes dessa região.



KANINDÉ

Município: Aratuba e Canindé. Comunidades: 1) Em Aratuba: Sítio Fernandes e 2) Em Canindé: Serra da Gameleira.População estimada: 700 pessoas. Famílias: 130. Situação da Terra Indígena (TI): TI com visita preliminar, realizada pela FUNAI, em 2003/2004. Processo aberto na FUNAI, aguardando procedimentos iniciais de fundamentação antropológica.



"Localizados nos municípios de Canindé (sertão central) e Aratuba (serra de Baturité), os Kanindé tem a história marcada por um longo processo de migrações forçadas, e vem mantendo, apesar desta dispersão, laços de parentesco e sociabilidade que unem as comunidades do Sítio Fernandes e da serra da Gameleira, que compõem a etnia. A origem histórica da etnia Kanindé remete ao chefe Kanindé, principal da tribo dos Janduís, que liderou a resistência de seu povo no século XVII, obrigando o então rei de Portugal a assinar com ele tratado de paz, firmado em 1692, mas descumprido por parte dos portugueses. Como ocorria com muitos agrupamentos nativos, seus descendentes passaram a ser conhecidos como Kanindé, alusão ao chefe e à ancestralidade. Segundo tradição oral, vieram da região do atual município de Mombaça, passando por Quixadá, pelas margens do Rio Curu, entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, junto aos seus parentes Jenipapo, antes de alcançar os seus locais de morada atuais. Chegaram ao Sítio Fernandes vindos da serra da Gameleira, também conhecida como serra do Pindar, em Canindé, por conta de secas, como a de 1877, e invasões de suas terras por posseiros criadores de gado. Traço cultural herdado dos ancestrais, a cultura da caça se materializa na existência de diversas armadilhas, como o quixó de geringonça, utilizado no apresamento de animais como mocó, tejo, cassaco, peba, veado, nambu, seriema e juriti, sempre respeitando os períodos de gestação dos bichos. A relação de sustentabilidade que mantêm com a natureza é ensinada às novas gerações, e busca garantir a permanência da caça para as próximas gerações.

A chamada Terra da Gia, foi durante muito tempo utilizada pelos Kanindé para fazerem suas plantações e caçarem, se constituindo como significativo lugar de memória para o grupo. Em 1995, após grande luta junto aos trabalhadores rurais locais, este terreno foi desapropriado pelo INCRA. Após querelas na divisão da terra, os Kanindé do sítio Fernandes ficaram com 270 hectares e continuam plantando no sistema de roçados. Em 1996, por iniciativa de José Maria Pereira dos Santos, mais conhecido por Cacique Sotero, foi aberto à visitação pública o Museu dos Kanindé, que traz em seu acervo artesanato, cujo trabalho em madeira merece destaque, instrumentos de caça e dança, entre outros. Mantido no sigilo até o ano citado, foi com o acirramento da luta por seus direitos que o museu foi exposto ao público, sendo mais uma forma de afirmação étnica do povo Kanindé. "



KANINDÉS DE ARATUBA

Índios ganham escola diferenciada

A Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manuel Francisco dos Santos foi inaugurada oficialmente ontem, na Comunidade Indígena dos Fernandes, zona rural de Aratuba, na Região do Maciço de Baturité, onde habita a etnia Kanindé

Rita Célia Faheinabr> Enviada a Aratuba

04 Ago 2006 - 04h45min

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Um prédio de dois andares com amplas salas mobiliadas e estrutura para receber mais do que os atuais 66 alunos de Ensino Fundamental, de primeira à quarta série, e os 78 alunos do projeto de Educação Jovens e Adultos (EJA). Tem uma sala específica para a iniciação em informática e as demais que compõe uma unidade escolar: cantina, sala de professores e diretoria, banheiros e um pátio coberto. A Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manuel Francisco dos Santos foi inaugurada ontem, pela manhã, na Comunidade Indígena de Fernandes, da etnia Kanindé, na zona rural de Aratuba, a 132 quilômetros de Fortaleza. O projeto das escolas diferenciadas tem a função de associar a educação formal com os costumes e as tradições indígenas.



O secretário estadual de Educação, Luis Eduardo de Menezes, que inaugurou o novo prédio, assistiu ao "ritual da purificação" apresentado por alunos da segunda e terceira séries do Ensino Fundamental. Todos fizeram uma roda em torno do pajé Maciel, responsável pela purificação do ambiente. As crianças também cantaram e dançaram o toré. "Essa dança, típica de nossa gente, é a nossa forma de celebrar, de festejar", explicou o coordenador pedagógico da Escola, Elenilson Gomes dos Santos, 21. Ontem à noite, os índios Kanindé, de Aratuba, também festejaram a inauguração da escola com o toré e o mocororó (bebida típica dos indígenas feita à base do caju).



Elenilson recordou que, desde 1999, foi iniciado o projeto para que a escola começasse a funcionar. No começo surgiram duas salas de aula e, logo depois, mais três, que eram utilizadas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Com o tempo, o espaço ficou pequeno para atender a todos que queriam freqüentar as aulas e outras salas passaram a ser improvisadas nas casas da comunidade. A demanda foi crescendo e a idéia foi reivindicar um espaço no prédio onde funciona a prefeitura municipal. "Foi o índio Paulo Mané, já falecido, que doou o terreno e estamos felizes porque agora o espaço é nosso". O Governo Estadual financiou a construção da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manuel Francisco dos Santos.



Segundo o secretário Luis Eduardo, sete novas escolas diferenciadas estão sendo construídas no Ceará nos municípios de Monsenhor Tabosa, Crateús, Maracanaú, Pacatuba, Aquiraz a Quiterianópolis. "Para construir o prédio consultamos a Funai (Fundação Nacional do Índio) e os arquitetos são indicados pelo órgão". A supervisora do Núcleo de Educação Indígena da Seduc, Rosa Carlota de Freitas Braga diz que já funcionam 36 escolas diferenciadas com 240 professores que atendem todas as tribos do Ceará, em torno de cinco mil índios. Os professores são escolhidos pelas comunidades e formados pela Seduc. "Tem 13 livros para serem publicados, elaborados pelos alunos e lideranças indígenas cearenses", completa Rosa Carlota.


Canindés

História

Os canindés são associados aos janduís e aos paiacus, compondo grupos que descenderiam dos tarairus. O nome dos canindés está ligado a seu chefe histórico Canindé, mais importante na tribo dos janduís, que comandou a resistência deste povo no século XVII, o que forçou o rei de Portugal à assinatura de um tratado de paz em 1692, tratado este que foi posteriormente descumprido pelos portugueses. Seus descendentes ficaram desde então conhecidos como canindés em referência ao histórico líder e à ancestralidade.

Os canindés têm por tradição oral serem originários da área que compreende o atual município de Mombaça, tendo percorrido junto aos seus parentes Jenipapos-canindés trajeto pelas margens do rio Curu, passando por Quixadá entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, até chegar às suas atuais terras. A história dos canindés é marcada desde tempos remotos por uma série de deslocamentos forçados. Entretanto, conseguiram os canindés manter laços de parentesco entre as duas comunidades que compõem o grupo entre o sertão central e a serra de Baturité.

Organização

Os canindés possuem forte cultura de caça herdada de seus antepassados. Têm conhecimento de utilização de diversas armadilhas como o quixó de geringonça, que utilizam para capturar mocós, tejos, cassacos, pebas, veados, nambus, seriemas e juritis, tendo sempre o cuidado de não violar o período de gestação dos nimais. O respeito à sustentabilidade é passado de geração em geração visando à manutenção da caça através dos tempos.

Em 1996, foi aberto à visitação o Museu dos Kanindé, no qual merece destaque o trabalho em madeira com instrumentos de caça e dança, entre outros artefatos.


Os tarairus ou tarairius foram um grupo indígena que habitava os estados brasileiros do Rio Grande do Norte, Ceará , Paraíba e Pernambuco. Residiam nas ribeiras do Jaguaribe, Apodi, Açu, Piranhas, Sabuji, e Seridó, nos vales aonde se desenvolveu a guerra do Açu. Foram também chamados de otxucaianas. Os tarairius formam segundo historiadores um grupo linguístico distinto dentre os índios do nordeste brasileiro e estariam linguisticamente afiliados ao tronco macro-jê ao lado dos cariris. Os tarairus foram retratados pelo artista Albert Eckhout em sua caracterização dos tapuias.


Características gerais

Os tarairus são um dos grupos indígenas sobre os quais se tem mais informações na América. As tribos tarairus geralmente denominavam-se de acordo com seu chefe ou principal, como se observa nos casos dos janduís, paiacus e canindés. Observando os janduís pode-se notar algumas características que se considera comuns entre os povos tarairus. Eram em geral nômades pois desciam ao litoral na época da safra do caju, e praticavam a caça e a colheita de mel. Usavam como armas propulsores, dardos, arcos, flechas e tacapes. Praticavam agricultura de milho, fumo, legumes, abóboras em forma de bilha e mandioca, e fumigavam as sementes e o campo através do plantio. Os grupos eram geralmente divididos em duas metades. Era costume ingerir bebida preparada com sementes ao que se seguia um transe pela parte dos feiticeiros. Havia rituais de iniciação das crianças por volta dos sete ou oito anos de idade. Os tarairus efetuavam rituais de casamento; adoravam através de festas à Ursa Maior. Detinham a técnica de assar alimentos com brasas enterradas. Usavam os cabelos compridos entre homens e mulheres.

[História

O povo tarairu era originalmente agrupado em cerca de 22 grandes tribos. Lutaram ao lado dos holandeses contra o domínio português durante as invasões holandesas no Brasil. Os portugueses procuraram invadir progressivamente as terras dos tarairus, que foram duramente combatidos no período entre 1630 e 1730 no que é considerado por alguns a maior guerra indígena no país. tronco macro-jê