quarta-feira, 27 de julho de 2011

Preservação da cultura


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Gozando de boa saúde, Tereza prefere os remédios do mato aos da farmácia, seguindo a tradição indígena
PATRÍCIA ARAUJO
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Colares criados pela Kanindé Tereza. Abaixo, detalhe de caixas feitas com fibra de bananeira por artesãs da aldeia de Aratuba
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Tranquila, de traços indígenas marcantes, aparentemente tímida, Tereza da Silva Santos, 60 anos, se transforma quando recepciona visitantes no Museu dos Kanindé. Na ausência do marido, o cacique Sotero, é ela quem faz as honras da casa, explicando as conquistas e as peças que contam a história da aldeia na zona rural de Aratuba. Outra mensagem passada por ela diz respeito à preservação do meio ambiente.

Nascida na comunidade, Tereza se casou aos 13 anos com José Maria Pereira dos Santos, 67, como é registrado o cacique."Estava embuchada e tive de casar às pressas". Próximo de completar bodas de ouro, eles têm cinco filhos, todos casados, e 14 netos. Dois deles, já rapazes, foram criados pelos avós e até hoje continuam morando juntos.

Uma das maiores preocupações de Tereza é com a preservação da cultura indígena. Por isso, sente orgulho em fazer o artesanato com fibras e sementes, a exemplo de pau-brasil e mulungu-vermelha. O cocar, sua especialidade, é de tecido, coberto com trançado de fibra de bananeira e decorado com penas de aves.

Nosso encontro, previamente agendado pelo celular, aconteceu na Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manuel Francisco dos Santos. Enquanto aguardávamos a nossa entrevistada, outras mulheres exibiam algumas peças artesanais, como colares, brincos e caixas revestidas com a fibra da bananeira.

Logo avistamos Tereza, a passos lentos, subindo uma das ladeiras de terra batida que dá acesso ao colégio. O percurso é lindo e, ao mesmo, tempo exaustivo. Numa sacolinha de plástico, trazia vários colares de sementes extraídas da mata e os cocares.

Rituais

A produção é destinada, principalmente, à Loja de Artes Indígenas Toré-Torém, na Ceart, em Fortaleza. Também são usadas pela comunidade nas apresentações culturais. Tereza destina uma parte das peças para esses rituais, como o Torém.

"Antes de representar uma fonte de renda, o mais importante no meu trabalho artesanal é a preservação da nossa cultura", ressalta a Kanindé. Sente-se recompensada, por exemplo, quando vê crianças e adolescentes, ornamentados com suas peças, se apresentando na escola.

Tereza e o marido são aposentados rurais e recebem, por mês, um salário mínimo, cada. Talvez por não depender do ofício para sobreviver, ela produz apenas quando tem vontade e está inspirada. A luta da casa é árdua. "Sou sozinha e cuido também da limpeza do museu". Quando o inverno é bom, ainda vai ao roçado.

Por ter começado na lida criança, quase não estudou. Só sabe escrever o nome. Há pouco tempo, tentou numa turma de Educação para Jovens e Adultos (EJA). "Não consegui aprender nada, minha vista cansada atrapalhou. Terminei largando". Não pensa em voltar, embora afirme enfática: "Vontade eu tinha demais!".

Da mesma forma, empolga-se quando se reporta à fé em São Francisco: "Já consegui uma grande graça com ele, quando meu marido ficou muito doente. Não falto um ano a sua festa em Canindé".

FRAGMENTOS
História em museu
Na Aldeia do Sítio Fernandes, em Aratuba, moram 148 famílias (cerca de 700 pessoas). A localização é privilegiada, com altura média de 900 metros acima do nível do mar. Segundo o cacique Sotero, há apenas 15 anos ganharam o reconhecimento de comunidade indígena.

Vizinho à casa, ele montou, em 1996, ao lado do irmão Cícero, o Museu dos Kanindé, reunindo cerca de 300 peças que retratam a história do seu povo. Muitas delas relacionadas à caça.

O espaço ainda demonstra preocupação ecológica. "Aqui, ninguém prende mais passarinho em gaiola. É essa proteção da natureza que a gente passa também para os nossos visitantes", diz Sotero.

O prédio da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Manoel Francisco dos Santos, inaugurado em 2006, é outro orgulho da comunidade.

Com 145 alunos, tem a proposta de resgatar a cultura indígena por meio da educação.

O estabelecimento já funcionava desde o ano 2000 em outra sede. No colégio, um painel, escrito à mão, registra, numa linha do tempo, as vitórias do povo Kanindé. Por exemplo: em 1995, os indígenas de Aratuba conquistaram a Gia (terra que foi durante muito tempo utilizada por eles para fazerem suas plantações e caçarem, se constituindo como significativo lugar de memória para o grupo). Após grande luta junto aos trabalhadores rurais locais, esse terreno foi desapropriado pelo Incra.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE - Publicado no dia 06 de junho de 2010

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Encerramento 1º semestre


A escola Kanindé encerrou suas atividades com os alunos nesta quinta, com todos os alunos, que prestigiaram a apresentação da quadrilha ARRASTA PÉ DO CAMPO, uma quadrilha organizada por jovens da comunidade. Uma tradição herdada pelos mais idosos da comunidade, que até hoje os mais novos tem essa preocupação de está resgatando. e nesta sexta feira se encerra todas as atividades na escola com uma reunião com os pais para entregar as avaliações dos alunos e discutir sobre as aprendizagem dos alunos.





Sala multifuncional

A sala de aula de alunos com necessidades especiais da escola kanindé

 ‘A inclusão é uma inovação na escola kanindé, No entanto, inserir alunos com déficits em aprendizagem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição !
‘O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas.